domingo, 13 de maio de 2012

Adeus aos bastidores da música portuguesa


“Às vezes sinto uma espécie de claustrofobia musical. Se estou muito tempo preso a fazer a mesma coisa começa-me a faltar o ar”, é assim que Bruno Mira fala da sua relação tão estranha mas tão sua com a música. Actual vocalista dos The Fellow Man’s e dos Cast a Fire, o natural de Lisboa garante ser invadido por várias ideias ao mesmo tempo. Bruno Mira é um dos muitos portugueses que enfrenta o pequeno mundo da música em Portugal e que finalmente conseguiu sair dos bastidores para os palcos. O Gorgeous Green EP foi uma destas muitas ideias de Bruno Mira que acabou por ser a principal rampa de lançamento dos The Fellow Man’s.
“Not enough”, é esta a música escolhida para a abrir o concerto dos The Fellow Man’s na Fnac da Baixa-Chiado. Um fim de tarde quente, mais quente do que o habitual. Uma sala meio vazia, meio cheia. De um lado, um público curioso, do outro lado um público que já conhece e que já gosta. No entanto, tal como o titulo da música sugere: não é o suficiente. A recente banda portuguesa quer mais, muito mais. É por isso que Bruno Mira está totalmente dedicado a este novo projecto.
“É um prazer poder estar a tocar para vocês. Espero que passem um bom tempo connosco”, diz Bruno enquanto a sua boca esboça um sorriso de felicidade iminente ao ver que pelo fim da primeira música a audiência já se compôs e a sala do Café Fnac está bastante mais lotada. Sem ninguém perceber já estava muito mais gente a assistir ao concerto. Uns mais atentos dos que outros, mas a verdade é que na sala pairava uma harmonia musical que impossibilitava qualquer pessoa de se levantar em pleno concerto. Mesmo no meio da sala encontravam-se dois italianos. De olhos e ouvidos bem abertos observavam e escutavam tudo o que passava. “This is good. How is it called?”, diz um dos italianos para o outro. “The Fellow Man’s”, diz o amigo italiano, enquanto pega no CD que seguramente irá comprar e levar de recordação de Portugal. E assim, aos poucos e com muito esforço, se obtém o reconhecimento que esta banda portuguesa tanto fez por merecer. Segundo o próprio Bruno Mira, “quando há talento e trabalho a seu tempo vem o reconhecimento”.
 Eis que chega o momento de dar uma segunda oportunidade, ou seja, de ouvir uma segunda música e de ver se a qualidade da primeira se mantém. “Killed me for a while” é a eleita. Uma música de esperança, de força e de um renascimento desta Primavera. Esta força é, assim, uma alusão à força de Bruno Mira, à sua persistência no mundo da música, principalmente no mundo da música portuguesa. “É um mercado muito pequenino, é complicado. É um país pequenino, é normal”, refere o vocalista lembrando todos os portugueses que lutam por ter uma carreira na música mas que por alguma infeliz razão não o conseguem ou ainda não o conseguiram.
 “Temos mais duas canções para vocês. São ambas muito importantes para nós, tal como as restantes do EP. Fica aqui o convite para participarem connosco na última canção”, diz Bruno Mira enquanto começa a tocar os acordes profundos e melodiosos de “Best of me”. Uma música que basicamente incita toda a audiência a agir, a aproveitar o momento, o presente ao máximo, como se hoje foi o último dia das nossas vidas. É esta a mensagem que os The Fellow Man’s querem deixar aos futuros artistas portugueses: “que não se fiquem pelo talento, que trabalhem, que se esforcem. Quando há talento e trabalho a seu tempo vem o reconhecimento. É mesmo uma questão de tempo”. O vocalista da banda acredita na capacidade dos músicos de Portugal mas também acredita na máxima de que sem esforço nada se consegue.
 Eis que o breve concerto chega ao fim. “Sing with me”, que tal como o nome indica, é a canção escolhida para terminar em grande este que foi sem dúvida um bom concerto. Foram breves quarenta minutos. Mas foram quarenta minutos de boa música portuguesa. O tempo passou a voar, ou melhor, a cantar. Os The Fellow Man’s ilustram assim uma nova geração de artistas portugueses que querem mostrar o seu talento e que não têm medo de ser diferentes. 
Há que dar oportunidade, há que valorizar o que é nosso, e é mesmo isso que a Fnac tem estado a fazer. Todas as semanas inúmeros portugueses aproveitam a sua oportunidade num breve concerto na Fnac. Quem sabe no futuro os palcos sejam maiores e melhores. Agora o mais importante já foi conseguido: sair dos bastidores para os palcos, sejam eles quais forem.








Os mais curiosos podem saber mais em:
The Fellow Man's Official Page
Ouvir "Sing with me"



Por Nádia Vieira

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