sábado, 31 de março de 2012

E é amar-te, assim, perdidamente...

Poesia conturbada, de excessos, de uma plenitude paradoxal extrema. Vincada pela solidão, pelo desespero emocional de quem quer amar, mas não consegue. De quem quer ser amada, mas não se permite.
Poetisa do desencanto, poetisa da ternura, poetisa de exacerbada paixão.
Florbela Espanca. A eterna Don Juan feminista, está de volta. Não pelo som de páginas secas e amareladas, gastas pelo tempo, de livros poeirentos confinados a estantes esquecidas. Não pelo declamar de palavras que desejam chegar ao infinito, ao absoluto.
Desta vez, Florbela chega-nos na última forma de arte, o cinema. Num guião conduzido por Vicente Alves do Ó, é-nos revelada outra parte da biografia desta grande figura da literatura portuguesa.
Originado de uma conversa sobre figuras históricas portuguesas, o cineasta comprometeu-se a mostrar um período da vida de Florbela menos explorado, cuja escrita é abandonada para segundo plano, e é sondado o universo emocional da poetisa.
O filme "Florbela", protagonizado por Dalila Carmo, penetra nas entranhas da vida desta feminista extasiada, na esperança de compreender a sua verdadeira essência, conseguindo Vicente Alves do Ó retratar um dos períodos mais difíceis da autora de uma extensa colectânea de poemas.
A segunda-longa metragem do cineasta conta com um primeiro percurso por Lisboa e pelo Porto, querendo ainda chegar a mais cinquenta cidades do país, até ao final do mês de Maio.   
Se Florbela, como poetisa, tinha o desejo ardente de ser mais alta, de ser maior que os homens e de condensar o mundo num só grito, Vicente Alves do Ó consolidou-lhe ainda mais essa honra, há muito merecida.



Por Ana Luisa Robalo

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