Poetisa do desencanto, poetisa da ternura, poetisa de exacerbada paixão.
Florbela Espanca. A eterna Don Juan feminista, está de volta. Não pelo som de páginas secas e amareladas, gastas pelo tempo, de livros poeirentos confinados a estantes esquecidas. Não pelo declamar de palavras que desejam chegar ao infinito, ao absoluto.
Desta vez, Florbela chega-nos na última forma de arte, o cinema. Num guião conduzido por Vicente Alves do Ó, é-nos revelada outra parte da biografia desta grande figura da literatura portuguesa.
Originado de uma conversa sobre figuras históricas portuguesas, o cineasta comprometeu-se a mostrar um período da vida de Florbela menos explorado, cuja escrita é abandonada para segundo plano, e é sondado o universo emocional da poetisa.
O filme "Florbela", protagonizado por Dalila Carmo, penetra nas entranhas da vida desta feminista extasiada, na esperança de compreender a sua verdadeira essência, conseguindo Vicente Alves do Ó retratar um dos períodos mais difíceis da autora de uma extensa colectânea de poemas.
A segunda-longa metragem do cineasta conta com um primeiro percurso por Lisboa e pelo Porto, querendo ainda chegar a mais cinquenta cidades do país, até ao final do mês de Maio.
Se Florbela, como poetisa, tinha o desejo ardente de ser mais alta, de ser maior que os homens e de condensar o mundo num só grito, Vicente Alves do Ó consolidou-lhe ainda mais essa honra, há muito merecida.
Por Ana Luisa Robalo
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