sábado, 31 de março de 2012

E é amar-te, assim, perdidamente...

Poesia conturbada, de excessos, de uma plenitude paradoxal extrema. Vincada pela solidão, pelo desespero emocional de quem quer amar, mas não consegue. De quem quer ser amada, mas não se permite.
Poetisa do desencanto, poetisa da ternura, poetisa de exacerbada paixão.
Florbela Espanca. A eterna Don Juan feminista, está de volta. Não pelo som de páginas secas e amareladas, gastas pelo tempo, de livros poeirentos confinados a estantes esquecidas. Não pelo declamar de palavras que desejam chegar ao infinito, ao absoluto.
Desta vez, Florbela chega-nos na última forma de arte, o cinema. Num guião conduzido por Vicente Alves do Ó, é-nos revelada outra parte da biografia desta grande figura da literatura portuguesa.
Originado de uma conversa sobre figuras históricas portuguesas, o cineasta comprometeu-se a mostrar um período da vida de Florbela menos explorado, cuja escrita é abandonada para segundo plano, e é sondado o universo emocional da poetisa.
O filme "Florbela", protagonizado por Dalila Carmo, penetra nas entranhas da vida desta feminista extasiada, na esperança de compreender a sua verdadeira essência, conseguindo Vicente Alves do Ó retratar um dos períodos mais difíceis da autora de uma extensa colectânea de poemas.
A segunda-longa metragem do cineasta conta com um primeiro percurso por Lisboa e pelo Porto, querendo ainda chegar a mais cinquenta cidades do país, até ao final do mês de Maio.   
Se Florbela, como poetisa, tinha o desejo ardente de ser mais alta, de ser maior que os homens e de condensar o mundo num só grito, Vicente Alves do Ó consolidou-lhe ainda mais essa honra, há muito merecida.



Por Ana Luisa Robalo

sexta-feira, 30 de março de 2012

Abandona o teu sofá

Falemos de aventuras. 
Por aqui ou por ali, grandes ou pequenas. 
Falemos simplesmente de aventuras. 

E se ao mesmo tempo dissesse: «falemos de cursos superiores». 
Talvez não faça muito sentido. 
Ou pode fazer todo e mais algum.

Mas é precisamente por ser aluno universitário que a AIESEC te dá a oportunidade de te aventurares por todo o mundo. E agora perguntas, mas como? Muito simples, na verdade.

A AIESEC é uma organização mundial gerida por estudantes. É gerida por jovens para jovens dando-lhes assim a oportunidade de terem responsabilidades reais e um impacto positivo na sociedade e no mundo.
Foi fundada em 1948 quando estudantes de 9 universidades de 6 países se reuniram na Bélgica para formar uma espécie de cooperação - foi assim criada a Association Internationale des Etudiants en Sciences Economiques et Commerciales. Hoje está presente em mais de 110 países e territórios e conta com mais de 60.000 membros.
Oferece aos jovens experiências profissionais, oportunidades de liderança num ambiente de aprendizagem constante e global. 
Um organização sem fins lucrativos gerida por estudantes universitários e recém licenciados que se interessam por assuntos mundiais. A sua visão? A paz e desenvolvimento do potencial humano. Os seus valores? Activar a liderança, demonstrar integridade, viver a diversidade - ambicionar a excelência. 
Quer seja trabalhando como um membro activo na associação quer seja fazendo um estágio de voluntariado internacional, a AIESEC é o sítio para ti.

Nunca se sabe. No verão poderás partir 3 meses para a Índia ou Moçambique. Ou mesmo Brasil, China ou Cambodja. 
As oportunidades estão aqui. As portas estão todas abertas. O mundo é teu. 

Queríamos falar em aventuras. Queríamos falar em cursos superiores. 
Falámos de tudo isso e de muito mais.
Até quando vais ficar sentado? 

         


Informações adicionais: http://www.aiesec.pt/

por Mariana Cardoso   

quarta-feira, 28 de março de 2012

Vinyl off the wall


Três. Dois. Um. A moda do Vinyl está de volta. Seja para ouvir música, seja para decoração, o Vinyl regressou e quem sabe desta vez seja para ficar.
Século vinte. Acende-se um cigarro. Liga-se o gira-discos. Escolhe-se a banda. Beatles. Joni Mitchell fica ao critério do ouvinte. Põe-se o Vinyl a tocar. À medida que o som se propaga pela sala, um mundo de sonhos e fantasia é criado, imaginado. Era o tempo do Vinyl, da moda musical do gira-discos.
Século vinte e um. Desliga-se o ipod, a aparelhagem e o DVD. Vai-se buscar o gira-discos à arrecadação da avó. Dirige-se à Fnac. Escolhe-se de acordo o gosto musical. The Doors, Niravana e muito mais variedade. O Vinyl regressa a encher de cor o quarto, a sala, toda a casa.
Hoje, o Vinyl é usado por DJ's aquando do seu momento de fama e brilho numa discoteca ou numa festa mais glamorosa. É, por isso, bastante frequente ver discos de música electrónica e de hip hop no formato Vinyl. No entanto, a gravação de discos em Vinyl, nos dias de hoje, é um pouco mais conhecida pelo seu carácter alternativo. As bandas, os artistas e os ouvintes mais alternativos e independentes são os verdadeiros amantes do Vinyl no século vinte e um. A sua popularidade está enraizada nos sons mais originais e nos artistas que não têm medo de arriscar em melodias diferentes e muito personificadas.  Há medida que o tempo avança e que as mentalidades são transformadas, também estilos musicas como o punk hardocore, o metal pesado e o indie rock passam a apostar cada vez mais neste formato de reprodução musical.
Mas, agora, o Vinyl não enche a casa só musicalmente. Agora, neste momento, o Vinyl faz parte da decoração. Pôr um disco, ou vários discos na parede, no tecto, na porta do quarto é sinónimo de bom gosto. O Vinyl passou a preencher a casa em todos os sentidos.
Portanto, do que estás à espera? Corre para a arrecadação da tua avó. Procura. Volta a procurar. Bem lá no canto, escuro e sujo, vais encontrar um gira-discos. Onde está um gira-discos está sempre o Vinyl. Ouve os discos, informa-te do que era moda, do que era boa música. Depois, corre até, por exemplo, à Fnac. Escolhe os teus discos favoritos. Se preferires recordar ou até mesmo conhecer o que se ouvia de bom no passado, o que não falta por Lisboa são lojas de segunda mão. Lá podes encantar e ser encantado por sons alternativos, antigos mas com qualidade. Se ainda não apanhaste o Vinyl, deixa que ele te apanhe a ti!







Texto por Nádia Vieira
Imagem por Guardian e  mottamex


terça-feira, 27 de março de 2012

O Capricho da Calzone

Uma brisa primaveril leva-nos até à estação dos Restauradores. Ali, escondida por detrás dos cafés americanos, encontramos a encantadora Capricciosa. Tão italiano como o nome lhe sugere, este é um espaço onde se fala um só idioma: o da pizza. Em noites que convidam a estar fora de casa, confrontamo-nos com a difícil tarefa de escolher a mesa. Lá dentro temos um panorama simples, vermelho e branco, acolhedor e que nos recebe bem. Cá fora o eterno cliché da esplanada italiana numa noite amena, em muito pouco atraiçoado pelo cenário tão lisboeta que o envolve. 
À entrada, o chef prepara as pizzas e coloca-as nos fornos atrás de si. Não nos sentimos propriamente numa italiana "Casa di Mama". A Capricciosa é o sinónimo do italiano moderno, bem apresentado e sempre com o seu quê de descontraído. Lembramo-nos do característico "dolce fare niente" , e reconfortamo-nos com a ideia de que, apesar de ser meio da semana, não temos preocupações nesta noite.
Se já tínhamos sido confrontados com a indecisão da escolha da mesa, era cedo dizer que esta se acaba por aqui. Num menu desdobrável um número mais que desejável de pratos espera a nossa escolha. Começamos com as bruschettas, e passamos para o prato principal. Depois da ponderação demorada, por entre das mais de sessenta combinações de pizza ou pasta, decidimos com o óbvio: as calzones. Ficamos assim com leve impressão de que as calzone são a chave de regresso à Capricciosa.
Prolongamo-nos sempre um pouco mais. O ambiente incentiva-nos a ficar por ali, a conversar com os amigos, e a largar umas boas gargalhadas. E, ao som da voz velluto de Norah Jones, nem damos pelas horas passar.
Já cá fora, estamos novamente em Lisboa. Descemos até ao Rossio, ou subimos até ao Bairro Alto. As indecisões ficam por aqui e deixamo-nos levar ao sabor do vento quente lisboeta.



Capricciosa RossioLargo Duque do Cadaval, 17 
http://www.grupodocadesanto.com/pt/capricciosa/restaurantes/Rossio/45/
Tel: 213 432 399
Preço mp: 13,50 euros
Por Andreia Pedro

segunda-feira, 26 de março de 2012

A pitanga de Mallu e o toque 'dele'

Pode falar qu’eu nem ligo
Agora eu sigo o meu nariz
Respiro fundo e canto
Mesmo que um tanto rouca 
Pode falar, não importa
O que eu tenho de torta
Eu tenho de feliz
Eu vou cambaleando
De perna bamba e solta

Este artigo podia bem ser um daqueles em que lemos a parte do final para descobrirmos o que significa o título. Não faz sentido fazê-lo. Primeiro porque é batota. Segundo porque é infantil. Terceiro porque a explicação de um título dá para o bitaite, não para o argumento. Mas, confesso, sem demoras, que me apetece espremer o sumo da laranja e pôr de lado os caroços agora mesmo. Isto é apenas o desabafo de uma escritora preguiçosa que precisa de pôr dedos em pré-aquecimento durante 20 minutos (em bons dias).

Mas indo ao que interessa. Pitanga é uma fruta bonita de um vermelho intenso com travo agridoce. Pitanga é a fruta que Mallu Magalhães adora e cultiva na varanda da sua casa. Pitanga é o fruto de 55 dias de trabalho em estúdio que resultou na colheita do terceiro álbum da namorada do eterno hermano Marcelo Camelo. Mallu já não é o fenómeno do Mypace que colocou a palavra “tchubaruba” na boca dos brasileiros em 2007. Mallu deixou a ingenuidade nos primeiros álbuns, e com ela, a fase de menina.



Aos 19 anos, Mallu aparece com um projecto mais maduro que aborda complexidade de uma vida a dois. É também uma resposta à carta de amor de Marcelo Camelo. Pitanga é um prolongamento do Toque dela. São álbuns que dialogam sobre o mesmo sentimento. Mais, que se complementam e que remetem um para o outro. Marcelo Camelo é, portanto, uma paragem obrigatória, mas também a única que existe. É uma presença inquestionável em Pitanga em músicas como "Youhuhu", "Porque você faz assim comigo?" ou "Olha só, moreno". Admiti-lo não é depreciativo, porque uma coisa é certa: a Pitanga é dela. É tudo Mallu. Acredito que foi no processo criativo de Pitanga que a Mallu começou a descobrir-se enquanto música, pessoa. Faz sentido afirmar que a Pitanga de Mallu tem o toque dele. Não digo isto só porque ele produziu o disco, influenciou músicas, tocou alguns instrumentos ou porque tirou as fotos de divulgação do álbum. Digo-o porque Mallu descobriu a pólvora: pôs na mesma sala o coração e a música, coisa dos grandes músicos, coisa de Marcelo Camelo. Coisa que namorou pela primeira vez em "Janta", no lançamento do disco a solo do moreno. 




A língua-mãe de Pitanga é o português, ainda que existam salpicos em inglês. A tendência é óbvia: as músicas em português saem-lhe do coração e saem-lhe leves de tão pesadas. O grande pecado deste álbum é o descompasso entre músicas portuguesas e inglesas. Não estou a dizer que não aprecio músicas como “Youhuhu”, mas, depois de ouvirmos composições com um espectro tão brasileiro como “Sambinha bom” e “Olha só, moreno”, o ritmo quebra-se. A teimosia em continuar a cantar músicas em inglês faz-me questionar a 'identidade' da Mallu.  Leva-me a crer que ainda não conseguiu arredar pé da máscara que a cobria nos outros álbuns. No entanto, estas quebras são emudecidas pelo “toque” de Marcelo Camelo nos arranjos, nas texturas suaves a que já nos habituou em Los Hermanos, mas principalmente nos projectos a solo em Sou (2008) e em Toque dela (2011).  

As doze músicas de Pitanga, todas da autoria de Mallu, crescem ao lado de uma complexidade musical que não pisava terreno nos álbuns anteriores. Em Pitanga, temos guitarra, banjo, violão, piano, chocalho, bateria, cavaquinho, clarinete, viola caipira e melódica. Este leque numeroso de instrumentos cria uma sonoridade artesanal, crua e simples que ampara o registo de Mallu, tornando-o interessante. "Velha e louca" é o single do álbum. A entrada é pincelada pelo rock, as pausas e as progressões que lhes seguem tornam a música divertida e leve. "Cais" encerra o álbum. O piano, os sinos, os murmúrios  fazem desta música uma das mais belas do disco.

Pitanga é fresco, sincero, despretensioso, bem-humorado, apaixonado. É um álbum que respira…Porque respirar é natural e isto saiu-lhe com a naturalidade de quem vive próximo de si.  Mallu fez um disco forte, sólido, e torna-se difícil acreditar nos seus 19 anos. Camelo acreditou e desde cedo decifrou o vermelho desta Pitanga. Mallu pegou as suas limitações vocais pelos cornos ao abrir a porta ao samba e ao bossa nova, ainda que deixando a janela entreaberta às influências folk e rock. Tudo resultou num delicioso caldo que marcou o compasso na música brasileira e na minha Primavera. 


Ouve o disco inteiro aqui:

Por  Patrícia Cadete
Fotografia de Marcelo Camelo

sexta-feira, 23 de março de 2012

Do outro lado do atlântico

É sexta-feira. Duas da tarde. Nada ou tudo para fazer.
Quer fugir, mas não sabe para onde. Quer esconder-se de tudo, de todos, de nada. Mas também não sabe se pode. Largar tudo assim, de um momento para o outro? 
Mas também, porque não...?
Digamos que pode não ser exequível simplesmente largar tudo e partir. Ou talvez seja. Mas por isso mesmo lhe deixamos esta sugestão. Quer seja por ser possível pegar nas malas e partir para o outro lado do atlântico, quer seja por daqui a uns meses estar no avião a caminho de um dos maiores Parques Nacionais dos Estados Unidos. 
E que sítio é esse, afinal? 
Uma resposta simples: Yosemite. 
Uma palavra estranha: sim. 
Um local completamente espectacular: claramente.

O Parque Nacional de Yosemite situa-se nos Estados Unidos, mas mais precisamente no estado da Califórnia. Cobre uma área de cerca de 3081 km quadrados com uma altitude compreendida entre os 600 e os 4000 metros. (Assustador, talvez). Recebe por volta de três milhões de visitantes por ano (de novo, assustador, mas fantástico) e é reconhecido internacionalmente pelas suas cascatas, bosques e sequóias gigantes que lhe deram a designação de Património Mundial em 1984. 
O vale de Yosemite representa todavia apenas 1% da área do parque - sendo que é o ponto mais visitado pelos turistas. Habitam mais de 250 espécies, incluindo peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos e apresenta um clima mediterrânico -  chuva no inverno com um verão bastante seco. 
Mas há mais para fazer do que simplesmente observar. 
As opções são as mais variadas desde escalada, rafting, bicicleta, a montar a cavalo para os mais radicais. Contudo também os mais calmos podem aproveitar as maravilhas do parque e pescar, nadar ou simplesmente aproveitar os passeios panorâmicos. 

Mas nada melhor do que ver para crer. 
E para isso basta uma mala, um passaporte e um bilhete de avião. 

 
 
 
 
Informações adicionais: www.nps.gov/yose/index.htm 

por Mariana Cardoso 



quarta-feira, 21 de março de 2012

As intermitências da "tua" vida


E se de um momento para o outro ninguém morresse? E se de repente todos nós pudéssemos viver eternamente? Certamente, o primeiro pensamento que emergiu na mente de qualquer individuo teve um carácter positivo. Quem não quer viver plenamente e não pensar sequer na palavra morte? O ser humano é um ser frágil, mortal e que, inevitavelmente, tem medo da morte.
“No dia seguinte ninguém morreu”, é assim que Saramago começa o seu romance. Um romance perturbador, envolvente e carismático. As intermitências da morte não passam em vão. As intermitências da morte fazem-nos pensar, mudam o nosso prisma. As intermitências da morte fazem-nos deixar de ter medo. As intermitências da morte remetem-nos para um fatalismo inevitável. As intermitências da morte aqui ganham significado, personificam-se.
Saramago consegue retratar a história de um país onde a morte deixou de actuar. Ninguém morre. Todos têm o direito à vida. Mas, também aqui Saramago consegue mostrar o outro lado da morte, o lado de necessidade. A morte faz parte da vida. A morte está intrinsecamente ligada à vida. Nada, nem ninguém pode anular o facto de que um dia todos vamos fugir deste mundo. Não vale a pena ser-se bom ou mau, no fim, todos perdemos o direito de pertencer a esta terra. A morte aqui ganha sentido, aliás, ela sublinha o seu sentido.
A morte personifica-se. O romance parte da própria morte e da sua incapacidade de actuar devido ao amor. Saramago une inteligentemente duas coisas que à partida parecem ser como a água e o azeite. Aqui a morte e o amor andam de mãos dadas. A morte ganha vida e não consegue tirar do mundo quem tinha de tirar. O amor fala mais alto, aliás, o amor grita. E a morte ouve-o, muito atenta. Por mais que lute contra aquilo que sente, a morte não resiste.
A escrita de Saramago aliada ao seu poder visionário faz deste romance algo inacreditável. Uma história que à partida parece seca, fria e crua torna-se num enredo poderoso e cativante. Nem sempre aquilo que parece bom numa primeira fase o é na realidade. Aquilo que está à frente dos nossos olhos nem sempre é claro, visível. A tarefa de procurar, pensar e não desistir parte de nós. Por isso, fecha os olhos. Pensa naquilo que tens como garantido. Agora, abre os olhos. Será que continuas a achar que tudo o que tens hoje amanhã está lá?




 Por Nádia Vieira

segunda-feira, 19 de março de 2012

Moda Lisboa: Freedom

Saímos no metro do Terreiro do Paço, cumprimentamos o Pátio da Galé e cortamos à esquerda. Chegamos à Praça do Município onde está instalado o pequeno Bryant Park lisboeta. Uma tenda branca cumprimenta-nos com o tema da Moda Lisboa deste ano: Freedom. São quatro dias de desfiles. Quatro dias em que uma mescla de estilos únicos se concentra num só espaço para aplaudir o que de bom se faz em Portugal.
Logo no primeiro dia, Luís Buchinho começou por trazer as ruas para a passerelle do Pátio da Galé. Uma colecção inspirada na calçada portuguesa que se traduziu em estampados em tons de azul, prata e preto.
Katty Xiomara não deixou morrer o azul inaugurado por Buchinho, e apresentou uma colecção que, segundo a própria, "tenta desvendar a alma do futuro". Muito prática, feminina e sempre muito ao estilo Xiomara.
Alma também em Miguel Vieira que, no terceiro dia de desfiles, deixou o Fado desfilar. A música, os pormenores clássicos, e ainda os detalhes contemporâneos, encorporaram na passerelle de Miguel Vieira o mais puro do português elegante.
Também muito ao estilo português mas, desta vez, numa época mais presente, à qual tão bem nos conseguimos associar, tivemos os revoltosos de Ricardo Dourado. Inspirado nos Rioters, o designer  conseguiu transmitir um espírito revolucionário nas suas peças de grande volume, sem descorar os pequenos detalhes.
A moda não se faz à margem da sociedade. E a 38ª edição da Moda Lisboa foi um bem conseguido exemplo desta pura verdade. Portugal esteve bem presente nas passerelles seja na inspiração das nossas ruas, do nosso fado, ou na transfiguração do nosso revolto presente. 
Por Andreia Pedro
Fotografia de Andreia Pedro e Cátia Matos

quarta-feira, 14 de março de 2012

"O grande peixe" de Tim Burton


Ouvir histórias, quem não gosta? Todos nós passamos pela fase infantil onde as histórias que nos contam são na verdade a nossa realidade. E contar histórias? Eventualmente, cada um de nós, um dia vai construir na mente de uma criança uma ideia que para eles, naquele momento, é real. Mas será que existe idade para deixar de acreditar nas histórias da carochinha? Ou podemos viver eternamente a acreditar no lobo mau e na gata borralheira?
Big Fish não nos dá essa resposta. O filme de Tim Burton reporta-nos antes para um mundo de imaginação e de encantamento. Aqui as histórias contadas em criança a Will Bloom acompanham-no ao longo de toda a sua vida. A possibilidade de serem reais nunca o afligiram enquanto criança, mas o mesmo não acontece quando Will se torna adulto. Cresceu rodeado das histórias encantadas de um pai aventureiro, Ed Bloom, que um dia decidiu sair da sua terra natal juntamente com um gigante. Encontrou uma cidade perdida numa floresta mágica onde ninguém podia entrar calçado. Conheceu gentes, tornou-se um deles mas quando chegou a sua altura partiu. Apaixonou-se e teve de deixar a sua amada, os deveres para com a guerra falaram mais alto. Mas nem na guerra deixou de ter aventuras.  Depois de dado como morto, Ed regressa para junto da sua amada e com ela cria o seu filho, Will.
Mas, um aviso importante: esta não é uma história sem pés nem cabeça, ou uma história de encantar dos tempos modernos. Esta é uma criação do mundo fantástico de Tim Burton. Um mundo onde os gigantes existem, onde gémeas siamesas podem ajudar um soldado, onde as bruxas são reais, onde o amor acontece. Uma história de um pai que conta e de um filho que já não acredita. No entanto, como em qualquer história o final é surpreendente. Uma dúvida constante que nos acompanha durante o filme é esclarecida. Encontramos a resposta incessantemente procurada. Porque em como tudo na vida, há sempre uma resposta. Big Fish, se não viu não sabe o que está a perder!


Por Nádia Vieira


terça-feira, 13 de março de 2012

Jah Jah Bless

Às vezes, faltam as coisas mais simples. Às vezes, falta paixão. Às vezes, falta coragem. Às vezes, falta determinação. Muitas vezes, falta a música. Aquela que faz com que o mundo lá fora se esvaneça, criando uma fusão de sentidos, de memórias. Até de vontades. Às vezes, faltam as letras, faltam as batidas. Falta(-nos) o espírito.
As produtoras Soundsgood e UAU juntaram-se para criar a primeira edição do Reggae Blast, um festival exclusivamemente dedicado à música criada pelo Rei Bob. Para que, pelo menos, durante uma noite, não falte nada.
Os franceses Dub Inc são cabeça de cartaz, acompanhados pelo jamaicano Bushman e por Omar Perry, conceituados artistas mundiais do reggae. Uma verdadeira noite de Jah Jah Blessings, com a harmonia perfeita entre guitarras, contrabaixos e baterias, e com a quentura meio rouca típicas das vozes, mostrando assim a grande nação, já mundial, do reggae, bem como a sua cultura e a sua música. Em todo o seu esplendor.
Com uma diferença de apenas 24 horas, o Reggae Blast é o primeiro festival em terras lusas a visitar lisboetas e portuenses no mesmo fim-de-semana, prometendo um reggae levado ao rubro. Uma explosão musical daquelas que elevam o espírito. Daquelas que fazem bem à alma. À antiga.

Só mesmo para que não falte nada.



Quando:
23 de Março - Campo Pequeno - 25,00€
24 de Março - Coliseu do Porto - 17,50€ - 27,50



Locais de venda:
Coliseu do Porto, Galeria Campo Pequeno, Fnac, Worten, El Corte Inglés, Casino de Lisboa, CC Dolce Vita, Agência Abreu, CC Mundicenter, CC MMM, TicketLine

Por Ana Luisa Robalo

domingo, 11 de março de 2012

Éfe de Fábulas

Não há lugar melhor que a nossa casa, é o que costumámos dizer. É invariavelmente o ponto de partida, mas quase sempre o ponto de chegada. Encontrar um espaço que nos faça sentir dentro de casa fora dela é um verdadeiro achado. Talvez seja por isso que me senti uma espécie de Pedro Álvares Cabral do Chiado quando entrei pela primeira vez no Fábulas.
Pensar em escrever sobre o Fábulas dá vontade de começar com um “era uma vez…”, ou, pelo menos, acabar com um “…e viveram felizes para sempre!”. A vontade de escrever composições à 4º ano esvaiu-se quando descobri a razão pela qual os donos tinham escolhido o nome - pelo trocadilho com a expressão inglesa “fabulous”.
O Fábulas mora no número 14 da Calçada Nova de São Francisco, no Chiado. Não é difícil de encontrar, mas passa despercebido a olhos menos atentos. Falar-vos do Fábulas torna-me saudosista. Parece que tenho 6 anos e acabei de vos confiar um dos meus locais preferidos para brincar.
Na cave de um edifício antigo, o Fábulas alonga-se por galerias que parecem ser intermináveis e nos dão a sensação que estarmos numa gruta. As paredes descarnadas expõem a pedra fria e levam-me a crer que albergam imensas estórias. Essas paredes prestavam homenagem ao cinema mudo - Charlie Chaplin e Louise Brooks também partilhavam a sala comigo. A música, essa, variava do jazz de Ella Fitzgerald para o de Nat King Cole, não se esgotando nesse estilo musical.
Podia falar-vos dos sofás antigos forrados a veludo, dos espelhos de talha dourada, das mesas cabeceiras, das máquinas de costura e das tábuas de passar a ferro centenárias que ganham um novo sentido, da biblioteca onde moram policiais da Agatha Christie, da ementa onde a Cinderela encontra-se com o Robin Hood e com os deuses do Olimpo, do cappuccino de arroz doce pelo qual me apaixonei. 
Podia falar-vos de tudo isso, é um facto. Mas prefiro não o fazer. O Fábulas é um sítio que ganha vida própria mesmo vazio, onde fragmentos de outras épocas convivem com pessoas desta. Descrevê-lo é ingrato para mim porque não passará de uma tentativa. O que é isto, portanto? Um cartão de visita. 

Localização:
Calçada Nova de São Francisco, nº 14
1200-300 Lisboa

Horário:
Segunda a Quarta – 10h às 00h
Quinta a Sábado – 10h às 1h
Domingo – 10h às 20h

Reservas:
Excluem reservas para o próprio dia e número inferior a 6 pessoas.
Para reservas de 6 a 15 pessoas liguem para 216018472 ; para reservas acima de 15 pessoas, enviar e-mail para reservas.fabulas@gmail.com

Site:
http://fabulas.pt/


Texto e imagem de Patrícia Cadete

quinta-feira, 8 de março de 2012

A boneca oriental que mudou o mundo

Arte, beleza, elegância, simplicidade, história e bom gosto. Tudo numa só "boneca". Seja bem-vindo ao mundo das Kimmidoll, uma marca que vai inovar e encantar.
Japão, século dezassete e muita vivacidade. Criam-se as Kokeshi dolls. O mundo oriental é invadido por uma série de bonecas coloridas e cheias de vivacidade. A busca da beleza e da arte passa a ser feita através da simplicidade. As Kokeshi dolls começam a estar cada vez mais presentes no oriente.
Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia, África, século vinte e um e muita originalidade. As Kimmidoll aparecem pela primeira vez no mundo. Bonecas com traços orientais que procuram ser uma recriação das Kokeshi dolls do século dezassete. Mas, agora, em pleno século vinte e um, as bonecas passam também a ter um cariz decorativo. Há um investimento da nova marca em transmitir beleza através de bonecas orientais que podem servir de decoração ou até mesmo de um utensílio diário, como um porta-chaves ou uma caneca. 
A questão ainda mais inovadora e mais engraçada acerca destas bonecas é que elas têm um carácter significativo. Oferecer uma Kimmidoll a um amigo ou a qualquer ente querido é uma forma de desejar boa sorte e felicidade. O sucesso da marca já é global e a sua concepção dos verdadeiros valores da vida já se expandiu por todo o mundo. Ter uma Kimmidoll é sinónimo de bom gosto, beleza e vivacidade.
Bonecas de colecção, canecas, velas, porta-chaves, bolsas, colares são alguns dos produtos nos quais a marca tem estado a investir. No entanto, quando falamos em Kimmidoll somos imediatamente remetidos à beleza das bonecas decorativas que têm vindo a invadir o mundo ocidental. A boneca existe em vários feitios e tamanhos. O mais difícil não é decidir se quer ou não uma Kimmidoll, o problema é sim qual a Kimmidoll a escolher.
Entregue-se a esta marca irreverente e mostre que a cultura oriental pode elevar a sua elegância ao seu extremo. Kimmidoll numa loja perto de si!


Madoka, Kimmidoll

Eika, Caneca

Sora, Vela

Nagisa, Porta-chaves

Norika, Bolsa


Por Nádia Vieira
Fotografia: Kimmi Doll



Mais informações:

quarta-feira, 7 de março de 2012

Boa música nunca é demais


Todos estamos acostumados aos nossos hábitos, às nossas rotinas, aos nossos planos e, claramente, à nossa música. Isto porque, ao longo da nossa vida, vamos criando o costume de seguir por uma tendência e de nos mantermos por lá. E deixar a zona de conforto não é tarefa fácil.
Mas deixemo-nos de politiquice.
Sim, é um facto puro e duro o que acabei de escrever. Mas todo esse parágrafo está apenas relacionado, neste preciso momento, com um tópico em particular - a música.
Dou-vos agora outro facto puro e duro – ninguém vive sem música. E quando eu digo ninguém é mesmo ninguém. Porque simplesmente faz parte do nosso quotidiano (quer seja porque nos apetece ou quer seja porque estamos num café e temos de levar com a música mais ensurdecedora à face da terra). Mas afinal, que sentido faria a nossa vida sem uma banda sonora?
Deixemo-nos de politiquice outra vez.
Sim, estou aqui para falar de música mas mais concretamente para apresentar uma nova banda – uma banda que vale a pena conhecer e adicionar à lista de playlist do ipod (ou de outro aparelho musical, visto que a maçã, digamos, é um pouco para o caro e estamos em tempos de crise).
Mas falta de dinheiro não implica não conhecer novas músicas e por isso apresento-vos os Imagine Dragons.
Os Imagine Dragons são uma banda de indie rock/pop nascida em Las Vegas. Depois de vencerem quatro back-to-back batalhas de bandas, entraram em estúdio pela primeira vez em 2009. Lançaram dois EPs intitulados Imagined Dragons e Inferno and Silence em 2010.
Contudo, o seu maior projecto começou em 2011 com a gravação do álbum Continued Silence EP, lançado digitalmente a 14 de Fevereiro de 2012. A 21 de Fevereiro o single “It’s Time” começou a tornar-se um êxito nas ondas radiofónicas americanas.
Desde a sua formação, a banda sofreu todavia alterações nos seus membros. Neste momento conta com a voz de Dan Reynolds, D.Wayne Sermon na guitarra, Daniel “Z” Platzman na bateria e Ben Mckee no baixo.
Os seus interesses e as suas influências passam, acima de tudo, por ver e fazer as pessoas sorrir (quer sejam ou não seus fãs).
E porque no Point Out o que queremos é leitores felizes, não poderíamos deixar de fazer a nossa recomendação.
É uma nova banda? Sim. Pouco conhecida? Talvez.
Mas acreditem quando digo que é uma banda que vale a pena ouvir e que vos vai fazer ansiar por mais.


Imagine Dragons - America 

Informações adicionais: 
  • www.imaginedragonsmusic.com
  • www.facebook.com/ImagineDragons
Por Mariana Cardoso

segunda-feira, 5 de março de 2012

"Only unfulfilled love can be romantic"*

Tudo começa com uma viagem low cost. É assim, de forma simples, que começam os planos das grandes viagens. Comprado o bilhete é tempo de seguir para a acomodação. O melhor mesmo é quando se tem uma casa que nos acolha, de alguém que conheçamos. Quando não, passamos para a segunda melhor solução: um hostel. Um pouco de olho e um tanto de sorte é o que se precisa quando chega a altura de encontrar um hostel na internet. Demasiadas opções e discrições que enganam sempre no que toca a elogios. Astúcia, pesquisa e muita paciência. Mas tudo recompensa no final. Barcelona. Única e cheia de sol, mesmo nos dias mais frios do ano. Os turistas são muitos, mas quando passa um habitante da cidade por nós não temos dúvidas: destacam-se sempre no meio de uma multidão de câmara em punho e de mochila às costas. Os habitantes de Barcelona têm também eles uma certa aura de simplicidade que os envolve. Talvez seja do mar ali tão perto. Ou talvez do Sol. Se calhar, é mesmo das esplanadas que nos acolhem ao fim da tarde com um jarro de sangria à nossa espera.
Pormenores. Barcelona está também cheio deles. As ruas são uma constante lembrança dos gritos da María Elena de Woody Allen em luta constante com Javier Barden, o protótipo perfeito do homem espanhol, em Vicky Cristina Barcelona. Ruas estas que nos conduzem, inevitavelmente, sempre de volta às Ramblas: tão vivas e tão cheias, deixam sempre vontade de regressar com o mercado "La Boqueria" a complementar.
Não podemos ir a Barcelona sem cumprimentar Gaudí. O artista ainda hoje vive em Barcelona inteira. Desde a Casa Batlló, passando pela (sempre em obras) Sagrada Família, finalizando no ParquGüell. Estas são apenas algumas das magnificas recordações que Antoni Gaudí deixou na cidade que hoje é completamente sua.
Num segundo ou terceiro dia, (sim, porque Barcelona não é cidade para se visitar num só), podemos finalizar o dia no topo da Praça de touros da Plaza de España, com vista privilegiada para o Museu Nacional de Arte. Uma sugestão que vale a pena aqui é a de subir as escadas, mesmo depois de anoitecer e, após de um fascínio compreensível pelos jardins, se sentar na entrada do Museu a contemplar uma Barcelona anoitecida.
Mas nem de noite Barcelona perde o seu encanto, que muitas vezes é atribuído ao seu sol. As luzes trazem consigo uma noite animada pelas ruas do Bairro Gótico.
E no fim, é sempre difícil dizer adeus a Barcelona. Mas com ela, o convite está sempre aberto.

Por Andreia Pedro
Fotografia Filipa Sousa
*Vicky Cristina Barcelona, Woody Allen

sábado, 3 de março de 2012

Um toque budista

Os budas não ficam bem só na Ásia. É talvez esta a tentativa de José Berardo ao trazer para Portugal uma recriação dos Budas Gigantes de Bamyan. Um toque asiático invade um jardim natural que procura promover uma interacção social e cultural. Jardim da paz, é este o nome do espaço criado por um dos maiores empreendedores dos últimos anos.
Aqui a religião, a etnia, o sexo ou a condição social não interessam. O Buddha Eden tenta ser um espaço de reconciliação e de meditação pessoal. Por entre vastos campos verdes e um grande lago pode-se encontrar desde o Exécito de Terracota, aos Grandes Buddhas.
Cada visitante pode usufruir de uma viagem de comboio ao longo do jardim, por apenas 3 euros. O Buddha Eden possui ainda um Snack-bar e um restaurante que possibilitam aos visitantes desfrutar, por exemplo, de um bom vinho enquanto contemplam a beleza do próprio jardim. 
Percorrer o caminho da paz, é essa a proposta feita por José Berardo aquando do momento da criação do jardim. Apela-se, assim, a um diálogo interior mas também a um diálogo entre culturas distintas. Tal como Saramago diz no seu Ensaio sobre a Cegueira, "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara". Cada visita ao Buddha Eden é um olhar pessoal sobre um olhar colectivo. Envolva-se no seu mundo.


Por Nádia Vieira
Fotografia: Flávio Vieira

Informações Adicionais:
Buddha Eden
Quinta dos Loridos
Carvalhal
2540-480 Bombarral

Horários:
Horário de verão: 10.30 às 18.30
Horário de inverno: 09.30 às 17.30

Telefone: (+351) 262 605 240
Telemóvel:  (+351) 91 300 50 87

Email: info@buddhaeden.com
Web:  www.buddhaeden.com